NILO PEÇANHA: O PRIMEIRO PRESIDENTE DA REPÚBLICA NEGRO E A HISTÓRIA DE UM APAGAMENTO
- GUIA MIRAI

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Por Guia Miraí
(Video: Redes Sóciais)
Nilo Procópio Peçanha (1867–1924), o sétimo presidente do Brasil, é historicamente reconhecido como o primeiro e, até o momento, único presidente negro da história do país. Sua ascensão ao cargo máximo da República, embora fruto de uma sucessão em 1909, representa um marco significativo, mas, ao mesmo tempo, revela o intenso racismo e apagamento social da época.
Natural de Campos dos Goytacazes (RJ) e oriundo de uma família de origem pobre, Peçanha construiu uma notável carreira política. Ele foi vice-presidente na chapa de Afonso Pena e assumiu a Presidência da República em 14 de junho de 1909 após a morte de Pena, governando até 15 de novembro de 1910.
Seu governo, pautado no lema "Paz e Amor," foi relativamente curto, mas deixou um legado importante:
• Criou o Ministério da Agricultura, Comércio e Indústria.
• Foi o precursor da educação profissional e tecnológica no Brasil, instituindo as Escolas de Aprendizes Artífices, que deram origem aos atuais Centros Federais de Educação Tecnológica (Cefets).
• Estabeleceu o Serviço de Proteção aos Índios (SPI), antecessor da Funai.
Apesar de sua trajetória e realizações, a identidade étnico-racial de Nilo Peçanha foi alvo de forte estigma social. Conhecido pelas elites como "o mulato do Morro do Coco," ele enfrentou um preconceito tão acentuado que há relatos de que chegou a usar maquiagem para tentar clarear a pele em fotografias oficiais.
O contexto da Primeira República (1889-1930) era marcado por ideologias de eugenia e branqueamento, que viam a ascendência africana como um "defeito" a ser ocultado. Isso levou a um esforço coletivo da sociedade e até mesmo de seus próprios familiares e biógrafos oficiais para ocultar ou negar sua negritude, apagando essa parte fundamental de sua história.
O ativista negro Abdias do Nascimento, anos mais tarde, confirmou a tez escura de Peçanha, destacando como essa negação se tornou um símbolo do racismo histórico brasileiro, onde a ascensão de um negro ao poder era um fato que a sociedade preferia esquecer.
A história de Nilo Peçanha, portanto, serve como um lembrete do quanto a sociedade brasileira da época (e, em certa medida, a atual) lutou para desumanizar e apagar figuras negras de destaque.









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