Cantora enfrentava problemas de saúde; ela foi diagnosticada com câncer no intestino em 2016
Tina Turner, uma das maiores estrelas da música, morreu aos 83 anos de idade nesta quarta-feira (24), depois de uma longa doença, em sua casa em Kusnacht, perto de Zurique, na Suíça. O perfil da cantora no Instagram divulgou a notícia com uma foto em preto e branco da artista, sorrindo.
"É com muita tristeza que anunciamos a morte de Tina Turner. Com sua música e sua paixão sem fronteiras pela vida, ela encantou milhões de fãs ao redor do mundo e inspirou as estrelas do amanhã. Hoje nos despedimos de uma querida amiga que nos deixa a sua maior obra: a sua música. Toda a nossa sincera compaixão vai para a família dela. Tina, sentiremos muito sua falta", afirmava a nota.
De acordo com seu representante para a Sky News, Tina lidava com complicações de saúde - a causa específica da morte da cantora não foi divulgada. Em 2016, ela foi diagnosticada com câncer no intestino e chegou a fazer um transplante de rim no ano seguinte.
Ícone do rock 'n' roll nos anos 1980, Tina ampliou a voz das mulheres negras no gênero musical. Ela foi considerada como uma das referências de Mick Jagger por suas apresentações energéticas e fortes - o vocalista dos Rolling Stones inclusive assumiu ter se inspirado em Tina para seu jeito de dançar no placo.
TINA FOI EMPREGADA DOMÉSTICA E TRABALHOU NO CAMPO
Nascida Anna Mae Bullock em novembro de 1939, ela foi criada no Tennessee. A mulher que mais tarde ganharia oito prêmios Grammy, seria chamada de Rainha do Rock and Roll e venderia mais de cem milhões de álbuns, começou a cantar no coral de sua igreja, apanhou algodão no campo com a família ainda criança e foi empregada doméstica na adolescência.
Ela trabalhava como auxiliar de enfermagem quando foi descoberta em uma boate por Ike Turner (1931 - 2007). Ele notou o talento de Tina, que passou a tocar com a banda dele. Foi sob sua tutela que a cantora gravou o primeiro single, e os dois logo chegaram às paradas de sucesso com Fool in Love e It's Gonna Work Out Fine, entre outras canções.
CASAMENTO ABUSIVO
Ike foi marido e algoz: os dois ficaram juntos por cerca de 20 anos, em um relacionamento abusivo que traumatizou Tina. Ike era promíscuo, usava drogas e, por causa dele, ela tentou o suicídio em 1968. Em seu livro de memórias, My Love Story, a cantora relatou os abusos e agressões físicas sofridas no casamento e comparou o sexo com Ike a "uma espécie de estupro". "Ele usou meu nariz como saco de pancadas tantas vezes que senti o gosto de sangue escorrendo pela garganta enquanto cantava", lembrou ela na obra.
"Meu relacionamento estava fadado ao fracasso no dia que ele percebeu que eu ia ser sua fonte de dinheiro. Ele precisava me controlar, econômica e psicologicamente, para que eu nunca pudesse deixá-lo", escreveu Tina, que ao finalmente conseguir se separar de Ike, em um d divórcio, finalizado em 1978, ficou com os direitos de uso do nome artístico e dois carros.
Mas seu nome e sua voz eram tudo que a cantora precisava: depois de ficar dois anos se apresentando em pequenas boates e pagando as dívidas do casal, Tina lançou um disco solo atrás do outro, inclusive com covers famosas, até que 1981, Rod Stewart viu um show seu em Nova York e a convidou para tocar Hot Legs ao seu lado no Saturday Night Live. Reza a lenda que foi aí que os Rolling Stones decidiram chamar Tina para sua turnê americana de 1981 - Mick Jagger era seu amigo pessoal.
A partir daí a vida de Tina mudou: exuberante no palco, ela foi uma das primeiras artistas negras a ter um clipe na MTV e emplacou alguns sucessos nas paradas. A virada veio com Private Dancer, álbum de 1983 que vendeu quase 17 milhões de cópias e a lançou ao estrelado mundial. Tina realizou mais de 10 turnês mundiais e sua discografia, que tinha Acid Queen (1975), Rough (1978), Love Explosion (1979), ganhou ainda Foreing Affair (1989) e Twenty Four Seven (1999) , entre outros títulos.
A artista não mostrou talento apenas na música. Tina fez filmes e participações em programas de TV ao longo da carreira, como em Mad Max - Além da Cúpula do Trovão, que tinha um grande hit seu, We Don't Need Another Hero. Antes tinha sido a Rainha do Ácido na ópera rock de 1975 do The Who, Tommy. como a Rainha do Ácido. Com seus cabelos espetados e as famosas pernas, virou símbolo sexual e ícone da cultura pop, arrastando multidões em estádios mundo afora.
CANTORA PERDEU DOIS FILHOS
A estrela renunciou à cidadania americana em 2013, mesmo ano em que se casou com executivo musical alemão Erwin Bac. Eles começaram a namorar em meados dos anos 80 e vivia na Suíça. Ele doou um de seus rins para ela em 2017, depois que foi descoberto que ela sofria de insuficiência renal.
Tina foi mãe de quatro filhos e viveu a dor de ver dois deles morrerem antes dela. Ronnie Turner, seu filho com Ike, morreu em dezembro de 2022 aos 62 anos após lutar contra um câncer. Em 2018, Tina Turner perdeu outro filho, Craig Raymond Turner, que tinha 59 anos e era fruto do relacionamento com Raymond Hill. Ela ainda tinha uma relação materna com os enteados Ike Turner Jr, de 64, e Michael Turner, de 63, que Ike teve com Lorraine Taylor - os dois foram criados pelo cantor e Tina.
A vida de Tina um filme, Tina - A Verdadeira História de Tina Turner, que rendeu a Angela Bassett uma indicação ao Oscar em 1993 vivendo a cantora, e um musical de sucesso Tina: The Musical, ao qual ela foi a uma das exibições em 2019, em Nova York, em sua última aparição pública. Ela também foi tema de Tina, do documentário da HBO, em 2021.
GUIA MIRAÍ
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