SEIS EM CADA DEZ PROFESSORES TEM SINTOMAS DE BURNOUT, ALÉM DE VIOLÊNCIA E DESVALORIZAÇÃO
- GUIA MIRAI

- 15 de out.
- 2 min de leitura

Por Guia Miraí
Levantamento do Sind-UTE expõe altos índices de adoecimento, assédio e falta de valorização entre docentes da rede municipal de Minas Gerais
No Dia do Professor, comemorado em 15 de outubro, um levantamento divulgado pelo Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG) trouxe à tona um retrato preocupante das condições de trabalho e da saúde mental dos educadores mineiros.
A pesquisa, realizada pela Subseção de Esmeraldas, mostra que 59,4% dos profissionais da rede municipal da Região Metropolitana de Belo Horizonte apresentam três ou mais sintomas da síndrome de burnout, entre eles exaustão, ansiedade, dores físicas e insônia.
O estudo, que ouviu 318 servidores da educação municipal, aponta uma margem de erro de 4,7% e nível de confiança de 95%, reforçando a gravidade do cenário.
Mais da metade dos entrevistados relatou sintomas associados à síndrome de burnout, um distúrbio emocional causado por estresse crônico no ambiente de trabalho, caracterizado pela sensação de esgotamento físico e mental.
Entre os principais fatores citados estão:
• Gestão tóxica e assédio moral (28,5%);
• Violência nas escolas (25,5%);
• Falta de valorização salarial (24,4%);
• Sobrecarga de trabalho (20,5%);
• Falta de infraestrutura adequada (20,3%).
O levantamento também revelou que apenas 15% dos docentes avaliam o ambiente de trabalho como “ótimo”, enquanto a maioria expressa sentimento de estagnação e desânimo com a carreira.
Outro dado alarmante mostra que 70% dos profissionais entrevistados já sofreram algum tipo de violência no ambiente escolar.
As agressões variam desde assédio moral (28,5%) até violência verbal ou física praticada por alunos e pais (15%), além de casos de importunação sexual (8,7%).
Especialistas apontam que esse tipo de violência agrava o quadro de adoecimento e leva muitos professores ao afastamento por questões psicológicas.
Em Belo Horizonte, o cenário não é diferente.
De acordo com Talita Lacerda, representante do Sind-Rede BH, as escolas municipais enfrentam altos índices de faltas e afastamentos por motivo de saúde.
“A quantidade de faltas que estamos tendo nas escolas é muito grande. Quase todas estão funcionando com quadro incompleto. Há falta de chamamento de professores e muito adoecimento”, afirmou Talita.
Ela explicou ainda que o quadro é agravado pela precarização da carreira, pela falta de concursos e reposições de pessoal e pelo aumento da pressão sobre os docentes, que muitas vezes acumulam funções administrativas e pedagógicas sem o devido suporte.
O adoecimento dos professores impacta diretamente a qualidade do ensino e o funcionamento das escolas, que operam frequentemente com quadros reduzidos e substituições emergenciais.
Com a falta de valorização e o acúmulo de responsabilidades, muitos educadores relatam perda de motivação e abandono da profissão.
Segundo o Sind-UTE, o levantamento será encaminhado a órgãos públicos estaduais e municipais, com o objetivo de cobrar políticas efetivas de saúde mental, valorização profissional e segurança nas escolas.
O Sind-UTE reforçou que os resultados do levantamento devem servir como alerta urgente às autoridades.
A entidade defende a implementação de programas de apoio psicológico aos profissionais da educação, melhoria nas condições de trabalho, aumento de salário real e combate ao assédio e à violência escolar.
“É fundamental que o poder público olhe para o professor como um ser humano que ensina, mas também sente, adoece e precisa de amparo. A educação só é forte quando quem ensina é respeitado”, conclui o comunicado do sindicato.









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