BRASIL FOI USADO COMO BASE DE OPERAÇÕES POR ESPIÕES RUSSOS, REVELA INVESTIGAÇÃO INTERNACIONAL
- GUIA MIRAI
- há 5 horas
- 2 min de leitura

Reportagem do New York Times aponta que agentes russos forjavam identidades brasileiras para operar em missões no exterior; casos já chegaram ao STF e envolvem cooperação com serviços de inteligência estrangeiros
O Brasil foi utilizado por agentes de inteligência da Rússia como uma espécie de “fábrica de espiões”, segundo uma série de reportagens publicadas pelo jornal norte-americano The New York Times. A investigação revelou que o país foi escolhido por facilitar a criação de identidades falsas e o estabelecimento de vidas fictícias, permitindo que espiões se passassem por cidadãos brasileiros antes de serem enviados a outros países para operações secretas.
Os agentes operavam sob falsas identidades brasileiras, construindo vidas aparentemente comuns: abriam empresas, alugavam imóveis, tinham redes sociais ativas e, em alguns casos, até constituíam famílias. A intenção não era atacar o Brasil diretamente, mas sim utilizar sua infraestrutura e características sociais como trampolim para infiltrações em países da Europa, Estados Unidos e Oriente Médio.
Conheça os casos mais emblemáticos
Um dos casos mais notórios é o de Sergey Cherkasov, cidadão russo que viveu por anos no Brasil com documentos forjados em nome de Victor Müller Ferreira. Cherkasov chegou a ser aceito para um estágio no Tribunal Penal Internacional, em Haia, na Holanda, mas foi deportado e posteriormente preso pelas autoridades brasileiras. Ele está detido no país desde 2022. A Justiça brasileira já recusou um pedido de extradição feito pela Rússia, sob suspeita de tentativa de repatriação para encobrir os reais vínculos com o Kremlin.
Outro caso envolveu Aleksandr Utekhin, que se apresentava como Eric Lopes e mantinha uma joalheria em Brasília. A loja servia de fachada para suas atividades de inteligência. Utekhin chegou a obter documentos brasileiros e usava um português carregado de sotaque estrangeiro, o que chamou a atenção das autoridades.
Cooperação internacional
As investigações da Polícia Federal contaram com o apoio de agências de inteligência de pelo menos oito países, entre eles Estados Unidos, Israel, Holanda e Uruguai. Os dados compartilhados ajudaram a desmantelar uma rede maior de espiões que usavam o território brasileiro para forjar credenciais, adquirir documentos e circular com liberdade internacional.
Segundo fontes ligadas à PF, a multiplicidade étnica do Brasil e a burocracia mais permissiva em certos cadastros civis tornaram o país um ambiente ideal para a “construção de identidades limpas”.
Implicações diplomáticas
O caso gerou repercussão internacional e pressiona o governo brasileiro a rever seus mecanismos de controle de fronteiras e emissão de documentos. Além disso, a extradição de Cherkasov tornou-se uma questão diplomática delicada. Enquanto os EUA também pleiteiam sua custódia para processá-lo por espionagem, o governo russo tenta repatriá-lo — segundo especialistas, numa tentativa de evitar que ele revele informações sensíveis sobre a rede de agentes.
A decisão final sobre a extradição está nas mãos do Supremo Tribunal Federal, mas também poderá depender de aval político do presidente da República.
Brasil na rota da espionagem
Os casos revelam um novo papel do Brasil no cenário da inteligência internacional: o país não é apenas alvo de espionagem, mas também tem sido usado como território de incubação de espiões estrangeiros. Para especialistas, o episódio serve como alerta para a necessidade urgente de modernização nos sistemas de segurança e maior integração com redes internacionais de contraespionagem.
GUIA MIRAÍ
Comments