SURTO DE SALMONELLA STRATHCONA EM TOMATES: ÁGUA DE IRRIGAÇÃO É A ORIGEM DA CONTAMINAÇÃO NA SICÍLIA (EUROPA)
- GUIA MIRAI

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Por Guia Miraí
(Com informações do Centro Europeu de Prevenção e Controle de Doenças - ECDC)
Investigação identifica fonte da contaminação após quase três anos de casos em 17 países. Autoridades reforçam necessidade de controle microbiológico na produção agrícola.
As autoridades europeias de saúde e segurança alimentar confirmaram que o surto de Salmonella Strathcona, em investigação desde 2023, teve origem na água de irrigação usada na produção de tomates pequenos na Sicília, Itália.
O anúncio foi feito em 23 de outubro de 2025 pelo Centro Europeu de Prevenção e Controle de Doenças (ECDC) e pela Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar (EFSA).
De acordo com o relatório atualizado, amostras coletadas em um dos locais de produção agrícola na região siciliana detectaram a presença da bactéria Salmonella enterica sorotipo Strathcona diretamente no sistema de irrigação, confirmando as suspeitas levantadas por investigações anteriores.
A descoberta reforça a hipótese de que o problema se originou no campo, e não na etapa pós-colheita, apontando para falhas estruturais nos processos de controle e monitoramento de qualidade da água utilizada na agricultura.
O surto, que se estende há quase três anos, contabiliza 437 casos confirmados em 17 países, incluindo Reino Unido, Canadá e Estados Unidos.
Embora a maioria das infecções tenha ocorrido na Europa, as autoridades destacam que o caráter transnacional do surto reflete a complexidade das cadeias globais de abastecimento alimentar.
Casos foram registrados principalmente entre consumidores que relataram o consumo de tomates pequenos frescos (cherry e grape) provenientes da Sicília ou distribuídos por atacadistas que importaram o produto da Itália entre 2022 e 2024.
Especialistas do ECDC alertam que a confirmação da origem hídrica da contaminação deve servir de alerta para produtores e autoridades do setor hortifrúti em todo o mundo, incluindo o Brasil.
Segundo o comunicado, o monitoramento microbiológico da água de irrigação deve deixar de ser exceção e tornar-se prática obrigatória em fazendas e estufas.
O relatório também enfatiza que:
• O risco de contaminação não se limita à pós-colheita — ele começa no campo;
• Contaminações persistentes indicam falhas estruturais, e não pontuais, nos sistemas de irrigação e higienização;
• A segurança dos alimentos frescos depende da qualidade da água e da rastreabilidade das práticas agrícolas.
As autoridades europeias recomendaram o reforço das inspeções sanitárias nas áreas produtoras da Sicília e a adoção de protocolos de descontaminação da água utilizada na irrigação de hortaliças e frutas.
Além disso, o ECDC informou que segue monitorando possíveis novos casos e mutações da cepa Strathcona em diferentes países.
O caso reacende o debate global sobre a segurança de alimentos frescos e o impacto da água contaminada na cadeia produtiva agrícola — tema que ganha relevância em tempos de intensificação das exportações e de mudanças climáticas, que alteram a qualidade dos mananciais hídricos.









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