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PREÇO DA CARNE PODE SUBIR NAS PRÓXIMAS SEMANAS; ENTENDA OA MOTIVOS

  • Foto do escritor: GUIA MIRAI
    GUIA MIRAI
  • há 5 horas
  • 3 min de leitura
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Por Guia Miraí


Ciclo pecuário e fim da estiagem reduzem a oferta de animais e pressionam valores nos açougues de todo o país. Especialistas alertam que alta pode se estender até 2026.


O preço da carne bovina deve subir nas próximas semanas nos açougues e supermercados de todo o Brasil. A tendência de alta foi confirmada pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP), que registrou aumentos no início de outubro em praticamente todas as regiões do país.


Segundo o Cepea, a principal explicação está na redução da oferta de animais prontos para o abate. Com o tempo seco e o pasto escasso, o número de bois disponíveis no mercado diminui, o que eleva os preços pagos ao produtor e, consequentemente, ao consumidor final.


“O tempo seco e a falta de pasto tornam muito baixa a oferta de animais de pasto”, apontou o boletim do Cepea.


De acordo com a analista de agronegócio Mariana Simões, da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Sistema Faemg Senar), o período de estiagem — que normalmente termina em outubro — impacta diretamente o setor pecuário. Durante a seca, os pastos perdem qualidade e os produtores enfrentam dificuldades para manter a alimentação do gado.


Para compensar a falta de nutrientes, muitos recorrem à ração à base de milho e soja, o que eleva os custos de produção. Entretanto, nem todos os pecuaristas conseguem se planejar financeiramente para isso.


“Temos produtores que não conseguem ofertar alimento suplementar e acabam enviando os animais para o abate como estratégia. Historicamente, é uma época de maior oferta, mas neste ano o cenário é diferente”, explica Simões.


Além da seca, outro fator que pressiona os preços é a mudança no ciclo pecuário, um movimento natural do setor que alterna períodos de maior e menor abate de fêmeas e machos.


Nos últimos anos, houve um abate recorde de vacas, o que reduziu o número de bezerros disponíveis para reposição. Com menos animais no campo, a tendência é de menor oferta e maior valorização da arroba do boi.


“Tivemos até o primeiro semestre de 2025 um volume elevado de abate de fêmeas. Isso impacta diretamente na oferta de bezerros e animais para engorda. A expectativa é de recuperação gradual dos preços, tanto para o produtor quanto para o consumidor”, detalha a analista.


A especialista ressalta que o movimento de alta deve se estender até 2026, uma vez que a reposição de rebanho é lenta e depende de novos ciclos de cria e engorda.


“Esperava-se que o ciclo já tivesse virado no primeiro semestre de 2025, mas isso não ocorreu. A tendência agora é de um início gradual de recuperação de preços”, complementa Simões.


Qualidade da carne também pode ser afetada


A elevação de preços pode vir acompanhada de mudanças na qualidade da carne, alerta Nauto Martins, coordenador de bovinocultura da Emater-MG. Segundo ele, embora 2025 tenha apresentado chuvas mais regulares, a menor qualidade do pasto ainda influencia na nutrição do gado e, consequentemente, na composição da carne.


“A alimentação menos rica em nutrientes reduz a gordura intramuscular, o chamado marmoreio, que é responsável pela maciez e sabor da carne”, explica Martins.


Esse fator também afeta o leite, já que boa parte do rebanho leiteiro brasileiro é criado a pasto.


“O produtor enfrenta dificuldades de produzir com qualidade e quantidade. Com a seca, cai a captação pelas cooperativas e o preço sobe para o consumidor”, acrescenta.


Com o avanço da entressafra e o ciclo de recuperação da pecuária, os consumidores devem se preparar para um reajuste gradual nos preços da carne bovina nos próximos meses. Cortes populares, como acém, paleta e músculo, tendem a ser os primeiros a registrar aumento.


Em contrapartida, a reposição do rebanho e o retorno das chuvas no final do ano podem aliviar parcialmente os custos para o produtor — mas a estabilização dos preços ao consumidor só deve ocorrer a partir de 2026, segundo projeções do setor.

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