JOSÉ “PEPE” MUJICA, EX-PRESIDENTE DO URUGUAI, MORRE AOS 79 ANOS
- GUIA MIRAI
- há 5 horas
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José Pepe Mujica deixa legado de simplicidade, resistência e liderança progressista.

O Uruguai e a América Latina se despediram nesta terça-feira (13) de José “Pepe” Mujica, ex-presidente uruguaio, que faleceu aos 89 anos. Em abril deste ano, Mujica havia revelado publicamente a descoberta de um tumor no esôfago, já em estágio avançado.
Figura icônica da política latino-americana, Mujica ficou conhecido mundialmente por seu estilo de vida simples, seu passado como guerrilheiro tupamaro e por ter conduzido o Uruguai por um período de profundas transformações sociais. Ele governou o país de 2010 a 2015, após décadas de militância política e resistência.
Antes de chegar à presidência, Mujica passou 14 anos preso por sua atuação na luta armada contra a ditadura militar uruguaia, entre as décadas de 1960 e 1970. Viveu longos períodos em isolamento e foi libertado com a redemocratização do país.
Com o fim da ditadura, ingressou na política institucional. Fundou, junto a outros ex-militantes, o Movimento de Participação Popular (MPP), dentro da Frente Ampla, coalizão de esquerda que chegou ao poder no Uruguai em 2005. Mujica foi deputado, senador, ministro da Agricultura e, por fim, presidente.
Durante sua gestão, promoveu uma agenda progressista que colocou o Uruguai na vanguarda latino-americana em direitos sociais: aprovou a legalização da maconha, descriminalizou o aborto e sancionou o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Também impulsionou reformas no sistema de educação e de saúde pública.
Apesar de ocupar o cargo mais alto do país, Mujica recusava qualquer luxo. Vivia em uma chácara modesta na zona rural de Montevidéu, sem seguranças ou ostentação. Nunca abriu mão de seu Volkswagen Fusca 1987, que prometeu nunca vender, e doava parte de seu salário para instituições sociais. Sua postura rendeu o apelido de “o presidente mais pobre do mundo”.
Fora do Uruguai, Mujica se tornou uma referência ética e política. Sua oratória, marcada por discursos reflexivos e críticos ao consumismo, à desigualdade e à degradação ambiental, fez dele uma figura admirada globalmente.
Depois de deixar a presidência, voltou ao Senado, mas se afastou da vida pública em 2020 por questões de saúde. Ao anunciar sua saída, afirmou: “Me vou porque o cansaço me vence, porque a luta política exige tempo e dedicação que já não posso dar.”
José Mujica deixa um legado de coerência, humildade e compromisso com os mais pobres. Um símbolo de que é possível fazer política com verdade, sem se afastar do povo.
GUIA MIRAÍ
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