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FRANQUEADOS DA CACAU SHOW DENUNCIAM TAXAS ABUSIVAS, AMEAÇAS E DÍVIDAS

  • Foto do escritor: GUIA MIRAI
    GUIA MIRAI
  • há 2 dias
  • 3 min de leitura

Relatos incluem cobranças consideradas excessivas, falta de apoio durante crises e dificuldades financeiras severas; rede nega acusações e afirma seguir padrões do setor

O fundador e CEO da Cacau Show, Alexandre Costa, emocionou franqueados durante um encontro realizado no final de maio de 2022, quando ouviu relatos de dificuldades, dívidas e quase falências. Na ocasião, um vídeo registrou o empresário reunindo os lojistas em volta de uma fogueira improvisada, nos fundos da fábrica, onde preparou um licor de cacau como símbolo de esperança. “Vai dar certo”, teria dito, em tom de encorajamento.


Dois anos depois, o cenário descrito por diversos franqueados contrasta com aquela imagem simbólica. Em novas denúncias reveladas por reportagem recente, pelo menos 13 franqueados e ex-franqueados relataram situações de abuso, endividamento, e o que classificam como “culto à personalidade” do fundador da marca. Com mais de 4.600 unidades no país, segundo dados da ABF (Associação Brasileira de Franchising), a Cacau Show é a maior rede de chocolates finos do mundo — e uma das maiores franquias do Brasil. Ainda assim, para parte dos seus franqueados, o sonho do negócio próprio virou um pesadelo.


Entre os relatos, há quem afirme estar com dívidas superiores a R$ 2 milhões e outros que dizem ter perdido as economias de toda uma vida. Os franqueados apontam cobranças consideradas abusivas, como royalties sobre estoques que não foram entregues e taxas de mídia mesmo para lojas que ficaram longos períodos sem operação.


Náira Alvim Passionoto, que abriu uma loja da Cacau Show em Rancharia, no interior de São Paulo, afirmou que ficou um ano sem receber produtos por se recusar a pagar uma taxa imposta pela rede. Mesmo inadimplente, continuou sendo cobrada por royalties e outras taxas, o que agravou ainda mais sua situação financeira. “Não recebi produtos, mas os royalties de 50% sobre o estoque continuaram sendo cobrados, assim como taxas de mídia”, declarou.


Outro franqueado, do Rio Grande do Sul, relatou ter pedido parcelamento das dívidas após sofrer com os impactos das enchentes em sua região. A resposta da consultoria da rede foi categórica: “Não existe possibilidade de parcelar. Lamento pelo ocorrido nas enchentes… mas quando falamos de empresa e franquia, seguimos os padrões estabelecidos”.


Clima de pressão e “culto à personalidade”


Alguns entrevistados denunciaram o que descrevem como um clima de pressão por resultados e ameaças veladas de perda da franquia caso não sigam determinadas orientações. Também mencionam uma espécie de “culto à personalidade” em torno de Alexandre Costa, frequentemente promovido em eventos internos e encontros da rede.


Resposta da empresa


Procurada pela reportagem, a Cacau Show negou todas as acusações. Em nota, afirmou que segue rigorosamente os padrões do setor de franchising, com contratos claros e orientações acessíveis aos franqueados. A empresa reforça que suas práticas estão em conformidade com a legislação brasileira e com os princípios da ABF.


A marca não comentou especificamente os casos individuais, alegando sigilo contratual, mas garantiu que mantém canais de diálogo com seus franqueados e que está comprometida com o sucesso de suas unidades.


Reflexo de um sistema em crise?


Casos como os relatados por ex-franqueados da Cacau Show reacendem o debate sobre os desafios do modelo de franquias no Brasil. Especialistas em franchising alertam para a necessidade de maior equilíbrio nas relações contratuais e transparência nas cobranças realizadas pelas marcas franqueadoras. “É preciso garantir que o franqueado não seja apenas um investidor passivo, mas um parceiro real, com voz e proteção”, afirmou um consultor ouvido pela reportagem.


Para os empreendedores que acreditaram na promessa de sucesso rápido e estabilidade em uma grande rede, o caminho revelou-se mais duro do que o esperado. E enquanto o licor de cacau preparado à beira da fogueira em 2022 prometia esperança, para muitos, o gosto que ficou foi amargo.


GUIA MIRAÍ

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