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BRASIL TEM O MAIOR NÚMERO DE AFASTAMENTOS DO TRABALHO POR ANSIEDADE E DEPRESSÃO EM 10 ANOS

Foto do escritor: GUIA MIRAI GUIA MIRAI

Crise de saúde mental no trabalho atinge nível recorde no Brasil em 2024

O Brasil enfrenta uma grave crise de saúde mental entre os trabalhadores, refletida em números alarmantes de afastamentos por transtornos psicológicos. Em 2024, o país registrou 472.328 afastamentos de trabalhadores por questões de saúde mental, o maior número em uma década e um aumento de 68% em relação a 2023, segundo dados do Ministério da Previdência Social divulgados pelo g1. Esse cenário evidencia o impacto contínuo das cicatrizes deixadas pela pandemia e as condições precárias do mercado de trabalho.


A pandemia de COVID-19, que resultou em mais de 700 mil mortes no Brasil, deixou marcas profundas na saúde mental da população. A combinação de luto, insegurança financeira e mudanças abruptas na rotina gerou um aumento significativo nos casos de depressão, ansiedade e estresse. O psiquiatra Arthur Danila explica que "a vida voltou ao 'normal', mas de uma forma diferente", expondo os trabalhadores a níveis contínuos de estresse e instabilidade emocional.


Diante desse quadro preocupante, o governo decidiu atualizar a Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1), tornando a saúde mental um tema fiscalizado nas empresas. A partir dessa atualização, as empresas que não adotarem medidas para prevenir e tratar questões de saúde mental entre os funcionários poderão ser multadas.


Mulheres são as mais afetadas


Os dados revelam que as mulheres são as mais atingidas pela crise: 64% dos casos de afastamento por transtornos mentais envolvem mulheres, cuja idade média é de 41 anos. Fatores como sobrecarga de trabalho, desigualdade salarial, responsabilidades familiares e episódios de violência estão entre os principais desencadeadores desses problemas.


Segundo especialistas, as mulheres também tendem a buscar mais ajuda médica, o que facilita o diagnóstico e o tratamento. No entanto, essa maior vulnerabilidade reflete a pressão estrutural e social enfrentada por elas no ambiente de trabalho e na vida doméstica.


Casos como o de Amanda Abdias, que precisou se afastar após anos em uma tripla jornada (trabalho, estudos e cuidados com a casa), ilustram o impacto da sobrecarga. Já Marcela Carolina, que lida com depressão há mais de 20 anos, enfrenta dificuldades diárias para equilibrar o trabalho e o tratamento da doença.


A consultora em saúde mental Thatiana Cappellano destaca que a pandemia revelou ambientes de trabalho tóxicos e sobrecarga extrema. "Todo mundo continua trabalhando no mesmo ritmo acelerado, só que talvez a gente não tenha estrutura psíquica e física para suportar esse ritmo por tanto tempo", alerta Cappellano.


Racismo e desigualdade racial como fatores agravantes


A questão racial também é um fator que amplia o impacto da crise de saúde mental. Dados do Ministério da Saúde mostram que o índice de suicídio entre pessoas negras é 45% maior em comparação com a população branca. O racismo estrutural, as desigualdades de oportunidades e o preconceito no ambiente de trabalho contribuem para o agravamento dos transtornos mentais na população negra.


A crise de saúde mental não apenas afeta os trabalhadores diretamente, mas também gera impactos econômicos significativos. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que transtornos mentais causam a perda de 12 bilhões de dias úteis por ano, representando um prejuízo global de US$ 1 trilhão.


Para enfrentar essa crise, especialistas defendem a necessidade de mudanças estruturais nas empresas, incluindo a implementação de políticas de saúde mental, flexibilização das jornadas de trabalho e a criação de ambientes mais saudáveis e inclusivos. Sem essas ações, o cenário de adoecimento psicológico no trabalho tende a se agravar, comprometendo não apenas o bem-estar dos trabalhadores, mas também a produtividade e o crescimento econômico do país.


GUIA MIRAI



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