VÍRUS DA GRIPE AVIÁRIA É DETECTADO EM LEITE CRU E PERMANECE INFECCIOSO POR DIAS, ALERTA PESQUISA
- GUIA MIRAI
- 6 de jun.
- 2 min de leitura

Um estudo preliminar divulgado no repositório científico medRxiv trouxe à tona uma preocupação relevante para a saúde pública: o vírus H5N1 da gripe aviária pode permanecer infeccioso em leite cru por mais de sete dias, mesmo sob condições de refrigeração. Os resultados indicam que o consumo de leite não pasteurizado pode representar um risco em regiões afetadas por surtos da doença.
A pesquisa, liderada por Schafers et al., analisou a estabilidade do vírus da gripe aviária em leite de vaca e de ovelha, simulando condições de armazenamento tanto em temperatura ambiente (20 °C) quanto em refrigeração doméstica (4 °C). Os cientistas constataram que algumas cepas do vírus H5N1 permaneceram viáveis por até 11 dias em temperatura ambiente. No leite de ovelha, o vírus mostrou-se infeccioso por até sete dias sob refrigeração e quatro dias em temperatura ambiente.
“Os resultados são preocupantes porque indicam que o vírus pode se manter viável por um período prolongado, aumentando o risco de transmissão, principalmente em locais onde ainda se consome leite cru”, destacou Schafers.
A pesquisa foi motivada por surtos de gripe aviária detectados em rebanhos leiteiros nos Estados Unidos desde março de 2024. Fazendas em vários estados relataram quedas drásticas na produção de leite, e autoridades sanitárias confirmaram a presença do vírus em animais bovinos. Embora infecções por H5N1 em bovinos sejam consideradas raras, análises laboratoriais encontraram altos níveis de vírus no leite de vacas infectadas.
Segundo os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), mais de mil rebanhos foram afetados, além de dezenas de trabalhadores rurais. Alguns destes trabalhadores apresentaram conjuntivite após contato acidental com leite contaminado.
Embora a dose necessária para causar infecção em humanos por ingestão de leite cru ainda não seja totalmente compreendida, o estudo reforça a importância de medidas preventivas, como a pasteurização. Os pesquisadores alertam que, apesar de os testes terem sido feitos em condições controladas de laboratório (sem exposição a luz UV ou agentes químicos que normalmente degradam o vírus), os resultados são um sinal de alerta para o consumo de leite não pasteurizado.
No Brasil, apesar das regras sanitárias e da recomendação de pasteurização, o consumo de leite cru ainda é uma prática comum em algumas regiões. Especialistas em saúde pública reforçam que a pasteurização é uma barreira essencial para eliminar microrganismos patogênicos, incluindo vírus e bactérias que podem causar doenças graves.
Diante desses resultados, autoridades de saúde recomendam:
- Evitar o consumo de leite cru e derivados não pasteurizados, especialmente em áreas com surtos de gripe aviária.
- Adotar boas práticas de higiene nas fazendas e no manejo do leite.
- Monitorar rigorosamente os rebanhos e trabalhadores rurais para identificar sinais precoces de infecção.
“A pasteurização é uma etapa simples e eficaz para proteger a população de diversos agentes infecciosos”, ressaltou um especialista em zoonoses consultado para esta matéria.
Embora ainda sejam necessários estudos adicionais para determinar o risco real de infecção em humanos por ingestão de leite cru contaminado com H5N1, a pesquisa publicada no medRxiv alerta para a necessidade de cautela. Em tempos de surtos de gripe aviária, a pasteurização continua sendo a forma mais segura de garantir a qualidade do leite e proteger a saúde da população.
GUIA MIRAI
(Com informações de Schafers, J. et al., medRxiv 2025)
Comments