O objetivo desses aparelhos é diferenciar sismos naturais (terremotos) de tremores provocados por ação humana (explosão)
Pesquisadores do Centro de Sismologia da Universidade de Brasília (UnB) chegaram a Sete Lagoas, na Região Central de Minas Gerais, no fim da tarde desta quinta-feira (18/1), com equipamentos para registrar tremores na cidade. A equipe, formada por oito sismólogos, instalou três estações sismográficas e dez aparelhos de infrassom.
O objetivo desses aparelhos, segundo o professor Lucas Vieira, da UnB, é diferenciar sismos naturais (terremotos) dos que podem ser tremores provocados por ação humana (explosão).
“Faremos um estudo mais preciso dessas ocorrências, com sensores na região, da localização e da profundidade dos tremores e de quais são as forças que estão rompendo as falhas. Além disso, de como as falhas estão distribuídas na superfície. Se é só uma, se são várias e quais os tamanhos delas”, diz.
Túlio Santos/ EM/ D.A Press
A estação sismográfica é um sensor colocado no terreno que vai registrar as vibrações de um terremoto. Já os sensores infrassônicos vão captar as variações de pressão que possam ser produzidas por explosões químicas, de mineradoras, por exemplo.
Entenda
Desde o início desta semana, o município registrou abalos sísmicos. Na terça-feira (16/01), três tremores de terra em menos de sete horas deixaram os moradores da cidade assustados. De acordo com informações do Observatório Sismológico da UnB, o primeiro tremor aconteceu por volta das 2h30, com magnitude de 2.8 na escala Richter. O segundo, às 4h40, mas com menor intensidade, de 2.5mR (intensidade medida pela escala Richter), e o último, já pela manhã, às 8h40, com 2mR.
Outro abalo já tinha sido sentido na noite desse domingo (14/01). Segundo dados do Centro de Sismologia da Universidade de São Paulo (USP), o tremor, que ocorreu por volta das 23h20, teve magnitude de 2.3mR.
O secretário municipal de Meio Ambiente e presidente do comitê de estudos dos abalos sismológicos, Edmundo Diniz Alves, afirmou que esses tremores continuam em análise. Ele explica que os aparelhos já instalados na cidade detectaram a onda da movimentação e que se tratam de tremores naturais.
“Se trata da mesma falha geológica que, em 2022 e 2023, gerou os outros tremores. Acompanhamos e monitoramos de perto, temos um relatório indicando isso. Podemos afirmar que se tratam de movimentos naturais da mesma falha geológica em processo de acomodação.”
Terremotos em Sete Lagoas
A atividade sísmica em Sete Lagoas não é recente. Desde, pelo menos, 1930, há registros. Em geral, os sismos são inferiores à magnitude de 3 na Escala Richter- ferramenta usada para medir a magnitude dos terremotos, com base nas ondas sísmicas geradas por eles.
Abaixo desse valor, segundo o professor Vieira, os sismos só causam susto na população, por estarem próximos à superfície. Entretanto, é possível que a falha geológica causadora dos tremores, atinja outras magnitudes. Acima de 4mR, já podem causar danos à população.
Sobre os questionamentos de moradores a respeito da causa dos tremores não ser natural, Alves rebate, mas diz que nada está descartado. “Esse Centro de Monitoramento é exatamente para esta finalidade: estudarmos a fundo os novos tremores e os que ainda podem acontecer. Infelizmente são imprevisíveis e inevitáveis. Temos que aprender a conviver com eles”.
O coordenador da Defesa Civil Municipal, Sérgio Andrade, diz que há equipes preparadas para atender a qualquer chamado. O órgão ainda não identificou problemas causados pelos tremores. “Ainda é cedo para dizer que algum problema é ocasionado em função do tremor. Precisamos analisar cada situação e evento que acontecem. É cedo afirmar que o aparecimento de trincas em imóveis é proveniente desses abalos. Requer um estudo mais aprofundado.”
Segundo ele, foram registrados cinco acionamentos depois dos últimos tremores. “Comparecemos a todos os imóveis e não foi possível constatar que as trincas e fissuras que apareceram são provenientes dos tremores.”
Diante dos tremores frequentes na cidade, a Defesa Civil produziu uma cartilha com todas as instruções do que a população deve fazer quando os abalos ocorrerem.
Mesmo assim, Andrade orienta que o cidadão entre em contato com a Defesa Civil sempre que acontecer um tremor para que a equipe possa analisar se há risco que demande evacuação do imóvel.
Os moradores temem que os tremores, na verdade, sejam explosões provocadas por mineradoras. O secretário municipal de Meio Ambiente rebate, mas diz que nada está descartado. “Esse Centro de Monitoramento é exatamente para esta finalidade: estudarmos a fundo os novos tremores e os que ainda podem acontecer. Infelizmente, são imprevisíveis e inevitáveis. Temos que aprender a conviver com eles”, finaliza.
GUIA MIRAI
(por Estado de Minas)
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