Autor das propostas, paradas desde 2006, deputado Mário Heringer, defende que elas tramitem com urgência
Estão prontos para serem votados em plenário dois Projetos de Lei (PL) que regulamentam a posse e a condução de cães considerados potencialmente perigosos e criminalizam a entrega da guarda desses animais a pessoas inaptas.
De autoria do deputado federal Mário Heringer, os dois PLs tramitam na Câmara dos Deputados desde 2006, mas agora com a repercussão de ataques recentes de pitbulls o parlamentar tenta convencer o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP) a colocar as propostas em votação em regime de urgência.
Neste domingo (15/4), em Mogi Mirim, interior de São Paulo, o tutor de um cachorro da raça pitbull morreu após ter sido atacado pelo cão enquanto tinha um ataque epilético. Um guarda municipal, vizinho da vítima, matou o animal com um tiro na tentativa de socorrer a vítima.
No início deste mês, em Saquarema (RJ), a escritora Roseana Murray, 73 anos, foi atacada por três pitbulls e teve que amputar um braço e uma das orelhas. Em março, um homem morreu após ser atacado pelo próprio cachorro da raça pitbull, em Linhares (ES). Além desses casos, também foram registrados recentemente ataques de pitbulls a outros cães.
Um dos projetos, o PL 3616/2006, penaliza com detenção de até dois anos, quem confiar um cão perigoso a pessoa inapta e menor de 16 anos e também para quem conduzi-lo ou guardá-lo sem devida cautela. O PL também prevê punição para quem utilizar cães em rinhas ou competições de violência.
O outro projeto, PL 2617/2006, disciplina o registro, identificação e posse desses cães, obrigando os proprietários a ter certificado de propriedade com dados do tutor e informações para possibilitar a identificação do animal.
O texto considera potencialmente perigosos os cães acima de 30 quilos pertencentes a categoria dos molossos ( de porte grande a gigante) e pastores como, por exemplo, doberman, rottweiler, schnauzer gigante, akita, chow-chow, husky Siberiano, pitbull, entre outros.
Eles obrigatoriamente deverão ser certificados quando atingirem 12 doze meses, por meio de tatuagem com o número do registro. O certificado de propriedade só poderá ser expedido para pessoa civilmente capaz e maior de idade. O tutor que não possuir o certificado poderá ser multado e o cão recolhido aos centros de controle de zoonose até a regularização do documento.
De acordo com o autor dos PLs, é preciso “tratar os cães potencialmente perigosos como assunto sério, cobrar todas as medidas de segurança necessárias de criadores e proprietários”.
Ele defende os projetos, que enfrentam resistência dentro do parlamento, sob o argumento de que são necessários para evitar ataques constantemente registrados em todo o país. Apesar da resistência à proposta que tramita há quase duas décadas, o deputado acredita que em função dos acontecimentos envolvendo cães da raça pitbull as chances de a proposta ser aprovada se for colocada em votação são grandes.
“A prevenção é melhor do que correr o risco de vermos novos casos como esse da escritora que teve o braço amputado por causa de um ataque de um cão”, defende o deputado. Segundo ele, o Congresso Nacional precisa ter “coragem” para enfrentar esse tema.
A reportagem procurou a Confederação Brasileira de Cinofilia para comentar sobre os projetos, mas não houve ainda resposta ao pedido de entrevista.
GUIA MIRAI
(por Estado de Minas)
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