A guerra entre Ucrânia e Rússia acelerou um problema que há anos tira o sono de chefes de Estado em todo o mundo: a dependência global do petróleo, produzido em poucos países. Estados Unidos, Arábia Saudita e Rússia, sozinhos, são responsáveis pela produção de 40% do produto de todo o mundo. O cenário mostra a necessidade de encontrar e massificar novas fontes de energia para o transporte.
Com o embargo mundial ao petróleo russo, os preços da gasolina dispararam, inclusive no Brasil. Em todo o mundo, fica evidente a necessidade de encontrar alternativas ao óleo de origem fóssil.
Os carros elétricos, obviamente, estão no topo da lista de substituição aos modelos movidos a derivados do petróleo, mas não é a única. Cientistas trabalham no desenvolvimento de uma gasolina sustentável e ecológica, chamada de e-fuel ou, simplesmente, gasolina sintética.
Uma das vantagens é que ela dará uma sobrevida aos veículos a combustão, que podem ficar obsoletos em pouco tempo. O novo combustível não vem do petróleo: sua produção utiliza como matéria-prima hidrogênio e o dióxido de carbono disponível na atmosfera.
Empresas alemãs como Audi, Bosch e Porsche, além do governo alemão, têm investido nessa tecnologia. A Porsche, inclusive, em uma união com a Siemens Energy, construiu sua primeira fábrica para a produção do combustível quase neutro em carbono. A estrutura está localizada em Punta Arenas, Chile.
O local deverá produzir cerca de 130 mil litros de eFuel em 2022. A capacidade será expandida em duas etapas para cerca de 55 milhões de litros até 2024 e aproximadamente 550 milhões de litros até 2026. Para a produção local, as licenças ambientais necessárias foram obtidas pela empresa chilena de projetos Highly Innovative Fuels.
Fórmula 1 deve adotar e-fuel.
Ao mesmo tempo, a Fórmula 1 avalia a adoção do efuel a partir de 2025, quando deverá entrar o novo regulamento de motores, mantendo a propulsão híbrida já adotada, porém com o novo combustível e mais eletrificação. Esse seria o caminho para a mais importante categoria do automobilismo mundial não migrar, ao menos por ora, para motores totalmente elétricos.
A expectativa é de que a novidade, quando chegar aos consumidores, garantirá a sobrevida dos motores a combustão interna, seja de forma "pura" ou com algum nível auxílio elétrico. Hoje, tudo indica que propulsores convencionais estão com os dias contados por conta dos limites cada vez exigentes dos governos em relação às emissões de poluentes.
A gasolina sem petróleo também contribuiria para combater o efeito estufa, que tem o dióxido de carbono entre seus principais vilões, e, de quebra, acabaria com a dependência de um recurso natural que inevitavelmente irá acabar e tende a ficar cada vez mais caro.
De acordo com o engenheiro Everton Lopes, os combustíveis sintéticos têm a vantagem, como o etanol, de neutralizar na respecitiva produção o carbono resultante de sua queima, além de aproveitar a infraestrutura atual de abastecimento.
Podem ser extraídos na forma de gasolina ou diesel e, portanto, não exigem alterações nos motores que utilizam a versão fóssil desses combustíveis.
Custo de produção ainda é muito alto. A perspectiva de benefícios econômicos e ambientais proporcionados pela gasolina sintética é alentadora, porém sua produção ainda é cara ante a gasolina tradicional, destaca o especialista. O desafio, afirma, é reduzir o custo da extração do hidrogênio necessário para fazer a gasolina sintética, a partir de um processo conhecido como hidrólise. "É a grande a quantidade de eletricidade utilizada para separar o hidrogênio presente na água. Essa energia deve, preferencialmente, ser de origem limpa, como solar, eólica ou de hidrelétricas", pontua Lopes. "O combustível sintético já era usado pela Alemanha na época da Segunda Guerra Mundial e, desde então, as pesquisas têm evoluído. Porém, o petróleo ainda é muito mais fácil e barato de ser obtido e refinado", conclui. O hidrogênio é a grande aposta de países como a Alemanha para renovar sua matriz energética. Além de servir para sintetizar combustível líquido, o gás também é visto como opção às caras e pesadas baterias de veículos a propulsão elétrica. Por meio das chamadas células de combustível, incorporadas a automóveis, o hidrogênio gera eletricidade para impulsionar as rodas. Modelos como o Toyota Mirai já trazem essa tecnologia e são abastecidos com hidrogênio. Quer ler mais sobre o mundo automotivo e conversar com a gente a respeito? Participe do nosso grupo no Facebook! Um lugar para discussão, informação e troca de experiências entre os amantes de carros. Você também pode acompanhar a nossa cobertura no Instagram de UOL Carros. GUIA MIRAI por site Uol.
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