
Em 1º de fevereiro de 2025, o padre Fábio de Melo, de 53 anos, anunciou uma pausa em sua agenda de shows para intensificar o tratamento contra a depressão. O religioso, conhecido por sua carreira musical e presença nas redes sociais, compartilhou com seus seguidores que sua recuperação não tem sido fácil e que se sente emocionalmente debilitado. Antes da pausa, ele cumpriu sua agenda até o show em Santo Amaro da Purificação, na Bahia, no dia 2 de fevereiro.
A decisão do padre Fábio de Melo trouxe à tona discussões sobre a saúde mental entre líderes religiosos. A sobrecarga de tarefas, a pressão pela perfeição e a dedicação integral exigida pela vocação sacerdotal são fatores que podem contribuir para o desenvolvimento de transtornos psicológicos, como depressão, ansiedade e síndrome de burnout, entre padres.
No Brasil, a depressão é uma questão de saúde pública significativa. Dados do último mapeamento da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que 5,8% da população brasileira sofre de depressão, o que equivale a aproximadamente 11,7 milhões de pessoas. Especificamente em Belo Horizonte, a capital mineira apresenta índices alarmantes: em 2023, 17,4% da população foi diagnosticada com depressão, posicionando a cidade como a segunda capital com maior prevalência da doença, atrás apenas de Porto Alegre, com 21,8%.
A situação é ainda mais preocupante entre as mulheres. Em 2021, Belo Horizonte liderou o ranking nacional de diagnósticos de depressão no público feminino, com 23,3% das mulheres relatando ter recebido o diagnóstico. Fatores como desigualdade de gênero, jornadas duplas de trabalho e responsabilidades familiares podem contribuir para esse cenário.
A história de Isabella Silva, publicitária de 23 anos residente na região da Pampulha, exemplifica os desafios enfrentados por quem lida com a depressão. Diagnosticada no início de 2022, Isabella experimentou sintomas como perda dos movimentos das pernas, insônia e perda de peso. Após uma tentativa de suicídio, reconheceu a necessidade de buscar ajuda profissional e apoio familiar. Ela enfatiza a importância de aceitar ajuda: "Meus pais que me ajudaram... Busquei profissionais, comecei a praticar atividades físicas, tive apoio da família. O recado que eu deixo para quem está passando pelo mesmo problema que eu é: se permita ser ajudado".
A decisão do padre Fábio de Melo de tornar pública sua luta contra a depressão e de priorizar seu tratamento serve como um lembrete da importância de reconhecer os sinais da doença e buscar apoio adequado. Sua atitude pode encorajar outras pessoas, independentemente de sua posição ou profissão, a enfrentarem o estigma associado aos transtornos mentais e a procurarem ajuda.
GUIA MIRAÍ
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